Extraído do sítio Carta Maior
Narcotraficantes – sócios garantidores dos Bancos Internacionais
Extraído do sítio Carta Maior
Publicado no Correio raziliense de 12 de abril de 2008
Foi realizado, no Recife, o IIº Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 26 a 28 de março. Foi um êxito. Houve perto de seiscentos participantes, quase a metade de fora do estado. Estranhamente, não havia PMs do Estado de Pernambuco nas mesas. As palestras principais, foram dadas em auditórios repletos, de David Bayley, conhecido especialista em estudos sobre a polícia, e de Antanas Mockus, duas vezes prefeito de Bogotá, creditado com boa parte do sucesso que foi o descenso da violência naquele município. Houve interessantes debates, às vezes acalorados, muita troca de idéias, algumas apresentações de resultados de pesquisas. Como em todas as ciências humanas, no Brasil, o achismo ainda predominou. Não obstante, foi um grande salto para a frente.
Na minha opinião, o maior êxito do Forum foi a ampla interação entre pesquisadores e policiais. Desde a ditadura, policiais, particularmente policiais militares, e acadêmicos se vêem com desconfiança. Trabalhos, inclusive pesquisas, em comum eram rejeitados pelas duas partes. Para a esquerda, estudar a polícia era politicamente incorreto; para muitos policiais, não policiais não poderiam saber nada que os policiais não soubessem.
Policiais que quisessem fazer pós-graduação enfrentaram (e enfrentam) inimigos em duas frentes: rejeição na universidade e rejeição na polícia. Até hoje, pesquisadores raramente tem acesso a informações sobre algumas polícias que vivem, ainda, no obscurantismo do regime militar. Mas, nas próprias universidades, o estudo das polícias não é área “nobre” e, até recentemente, o estudo do crime e da violência tão pouco era.
Para empanar o êxito, um vexame. Em países, estados e cidades com um mínimo de cultura cívica, seria impensável que uma prefeitura se comprometesse a ajudar a financiar um evento para sediá-lo e não o fizesse, alegando falta de dinheiro. Os defensores alegaram falta de um nicho orçamentário para pagar as passagens prometidas. Não obstante, foi que aconteceu. Para os participantes, o governo do prefeito João Paulo Lima e Silva, petista, reeleito, faltou com a palavra. “É coisa de bugre”, disse um dos conferencistas. O resultado foi a compra, à última hora, de passagens dentro dos limites impostos ao Ministério da Justiça, muitas das quais em horários incompatíveis com a idade e/ou o estado de saúde dos conferencistas. Obrigar vários conferencistas de 60, 70 e mais anos a viajar às 4 da manhã (quando havia outros vôos, um pouco mais caros) é ofensivo e perigoso. Ficou um gosto amargo na boca dos participantes, dirigido ao Recife e a Pernambuco.
O que foi? Irresponsabilidade, incompetência, ou as duas? Segundo a imprensa local, o mesmo prefeito que não tinha dinheiro (calculado em menos de cem mil reais) para que o Forum se realizasse na capital com uma das mais elevadas taxas de homicídios do país, teve três milhões para bancar o desfile da escola de samba Mangueira no Rio de Janeiro, em troca do tema – Cem Anos de Frevo. O prefeito, para justificar o injustificável, afirmou que a capital pernambucana seria “mostrada para o mundo”. Ironicamente, o compositor da escola de samba Tuchinha, está envolvido com o tráfico de drogas.
Aliás, está na moda que mandatários que não conseguem reduzir a violência em sua jurisdição financiem escolas de samba. Segundo a Veja, Hugo Chávez doou um milhão de reais para a escola de samba Unidos de Vila Isabel, pagos pela PDVSA, estatal do petróleo. Caracas, hoje, é a capital mais violenta da América do Sul e o maior crescimento da violência se deu durante o governo de Chávez.
É uma pena. O brilho de uma conferência importante em um país que luta contra um nível altíssimo de crimes e violências foi empanado por uma atuação irresponsável da Prefeitura do Recife. O IIIº Encontro está marcado para Vitória. Esperemos que município e estado tenham um desempenho à altura.
Gláucio Ary Dillon Soares.
Publicado no Correio raziliense de 12 de abril de 2008
Foi realizado, no Recife, o IIº Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 26 a 28 de março. Foi um êxito. Houve perto de seiscentos participantes, quase a metade de fora do estado. Estranhamente, não havia PMs do Estado de Pernambuco nas mesas. As palestras principais, foram dadas em auditórios repletos, de David Bayley, conhecido especialista em estudos sobre a polícia, e de Antanas Mockus, duas vezes prefeito de Bogotá, creditado com boa parte do sucesso que foi o descenso da violência naquele município. Houve interessantes debates, às vezes acalorados, muita troca de idéias, algumas apresentações de resultados de pesquisas. Como em todas as ciências humanas, no Brasil, o achismo ainda predominou. Não obstante, foi um grande salto para a frente.
Na minha opinião, o maior êxito do Forum foi a ampla interação entre pesquisadores e policiais. Desde a ditadura, policiais, particularmente policiais militares, e acadêmicos se vêem com desconfiança. Trabalhos, inclusive pesquisas, em comum eram rejeitados pelas duas partes. Para a esquerda, estudar a polícia era politicamente incorreto; para muitos policiais, não policiais não poderiam saber nada que os policiais não soubessem.
Policiais que quisessem fazer pós-graduação enfrentaram (e enfrentam) inimigos em duas frentes: rejeição na universidade e rejeição na polícia. Até hoje, pesquisadores raramente tem acesso a informações sobre algumas polícias que vivem, ainda, no obscurantismo do regime militar. Mas, nas próprias universidades, o estudo das polícias não é área “nobre” e, até recentemente, o estudo do crime e da violência tão pouco era.
Para empanar o êxito, um vexame. Em países, estados e cidades com um mínimo de cultura cívica, seria impensável que uma prefeitura se comprometesse a ajudar a financiar um evento para sediá-lo e não o fizesse, alegando falta de dinheiro. Os defensores alegaram falta de um nicho orçamentário para pagar as passagens prometidas. Não obstante, foi que aconteceu. Para os participantes, o governo do prefeito João Paulo Lima e Silva, petista, reeleito, faltou com a palavra. “É coisa de bugre”, disse um dos conferencistas. O resultado foi a compra, à última hora, de passagens dentro dos limites impostos ao Ministério da Justiça, muitas das quais em horários incompatíveis com a idade e/ou o estado de saúde dos conferencistas. Obrigar vários conferencistas de 60, 70 e mais anos a viajar às 4 da manhã (quando havia outros vôos, um pouco mais caros) é ofensivo e perigoso. Ficou um gosto amargo na boca dos participantes, dirigido ao Recife e a Pernambuco.
O que foi? Irresponsabilidade, incompetência, ou as duas? Segundo a imprensa local, o mesmo prefeito que não tinha dinheiro (calculado em menos de cem mil reais) para que o Forum se realizasse na capital com uma das mais elevadas taxas de homicídios do país, teve três milhões para bancar o desfile da escola de samba Mangueira no Rio de Janeiro, em troca do tema – Cem Anos de Frevo. O prefeito, para justificar o injustificável, afirmou que a capital pernambucana seria “mostrada para o mundo”. Ironicamente, o compositor da escola de samba Tuchinha, está envolvido com o tráfico de drogas.
Aliás, está na moda que mandatários que não conseguem reduzir a violência em sua jurisdição financiem escolas de samba. Segundo a Veja, Hugo Chávez doou um milhão de reais para a escola de samba Unidos de Vila Isabel, pagos pela PDVSA, estatal do petróleo. Caracas, hoje, é a capital mais violenta da América do Sul e o maior crescimento da violência se deu durante o governo de Chávez.
É uma pena. O brilho de uma conferência importante em um país que luta contra um nível altíssimo de crimes e violências foi empanado por uma atuação irresponsável da Prefeitura do Recife. O IIIº Encontro está marcado para Vitória. Esperemos que município e estado tenham um desempenho à altura.
Gláucio Ary Dillon Soares.
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