Arquivo da tag: A PENA DE MORTE

Banco de Dados com o DNA

Há um debate sobre o uso do DNA e a construção de um banco de DNAs. Alguns rejeitam, porque consideram que é uma violação dos direitos humanos; a grande maioria favorece. É importante alicerçar a opinião em dados que mostram como o teste de DNA tem sido usado na justiça. O DNA não só tem servido para condenar o criminoso, mas também para inocentar os erroneamente acusados e condenados.  O DNA foi o recurso usado pelo Innocence Project. Até hoje, 324 condenados foram inocentados somente nos Estados Unidos. Desses, vinte tinham sido condenados à morte. A média de anos passados em prisões por condenações erradas foi de 13,6 anos. Os grandes beneficiários do uso do DNA foram negros (70%) e pobres, que haviam sido condenados antes que o teste de DNA estivesse disponível. Em metade dos casos de revisões de sentenças condenatórias, o DNA levou aos criminosos, permitindo a liberdade dos inocentes.  O DNA não identifica criminosos, apenas, mas liberta inocentes, também. 

Banco de Dados com o DNA

Como ler dados de pesquisas sobre suicídios, doenças, crimes e tudo o mais

É preciso saber ler dados para poder saber o que as pesquisas revelam. Ninguém nasce sabendo. É possível aprender em qualquer idade. Entre para a Escola de Dados. É grátis e em Português.

A inscrição é em

http://escoladedados.org/

 

um abraço

 

GLÁUCIO SOARES        IESP/UERJ

Continua o descenso dos homicídios no Estado do Rio de Janeiro

Novos dados revelam que continua o descenso dos homicídios no Estado do Rio de Janeiro. Dados relativos aos cinco primeiros meses deste ano (2012) mostram uma redução de perto de oito por cento em relação a igual período no ano que passou, quando foram assassinadas 1.945 pessoas, 161 a menos do que no mesmo período em 2011.Se somarmos os latrocínios (que não são computados separadamente na maior parte do mundo com estatísticas confiáveis), o ganho é menor, 142 vidas. 

O ISP vem usando um indicador de letalidade que incorpora os latrocínios e as lesões corporais seguidas de morte, um avanço na elaboração estatística. Nos mesmos cinco meses, foram mortas 2.048 pessoas, 271 a menos em igual período no ano passado (2011). A taxa de homicídios por 100 mil habitantes do período ficou em 10.9, aproximando-se de uma das metas clássicas, a de baixar de dez mortes por cem mil habitantes.    


              GLÁUCIO SOARES    IESP-UERJ

Disque Denúncia fundamental na prisão de assaltantes

RECEBI DO ZECA BORGES:

 

 

PM prendeu o terceiro suspeito de participar de crimes em Niterói

o grupo roubou carros, agrediu motoristas e invadiu casa e atirou contra polícia.

A prisão foi feita no Morro do Preventório com informação do Disque-Denúncia.

 

GLÁUCIO SOARES              IESP/UERJ

OS IMIGRANTES COMETEM MAIS CRIMES?

OS IMIGRANTES E O CRIME

 

Um debate entre americanos da direita mostra como há muita diferença entre eles. Os direitistas não são todos iguais. Ron Unz edita o American Conservative, e Jason Richwine teve e tem militância nos think-tanks da extrema direita, como a Heritage Foundation e o American Enterprise Institute.  

O debate supõe um público informado sobre as estatísticas criminais americanas. Unz afirma várias coisas: os latinos (hispanics) variam muito entre si, sendo os do caribe (exceto os cubanos) os que estão em pior situação e tendem mais ao crime; há um importante efeito composicional da idade (os homens jovens cometem mais crimes, particularmente crimes violentos), sendo 27 anos a média dos hispanics e a dos brancos mais de quarenta. Por isso, é necessário padronizar os dados por idades. A necessidade de espacialização e regionalização também aparece: os brancos que vivem no Nordeste americano têm taxas de criminalidade mais baixas do que os que vivem nas outras regiões do país; porém o oposto acontece com os hispanics, o que faz com que as diferenças naquela região sejam as mais altas dos Estados Unidos. Portanto, generalizar do Nordeste para todo o país leva o analista ao erro. 

Há outros problemas composicionais: pesquisas em muitos países mostram que a mais educação, menos crimes violentos. Os imigrantes hispânicos têm níveis educacionais mais baixos do que os americanos brancos. Os homens também têm taxas de crimes violentos mais altas do que as mulheres. Na maioria dos movimentos migratórios há mais homens do que mulheres. Assim, diferenças na composição por sexo e por educação alteram as diferenças nas taxas de criminalidade entre migrantes hispânicos e americanos brancos. Quando controlamos a educação e o sexo dos dois grupos, as diferenças nas taxas de criminalidade diminuem muito.

Há também, outro efeito urbano-espacial: os hispânicos vivem em maior proporção nas cidades, onde os crimes são mais altos (hoje, nos Estados Unidos – não generalizar para outros países e outros tempos) e as estatísticas têm menos erros e omissões. 

As instituições policiais e judiciais também pesam. Outros estudos, contrastando negros e brancos, mostram que os policiais prendem proporcionalmente mais negros e os negros também são condenados a penas mais longas – pelos mesmos crimes. Esse é um dado difícil de obter e tudo o que podemos fazer a respeito das diferenças entre brancos e diferentes grupos hispânicos é especular sem dados que fornecem um apoio substancial a qualquer hipótese formulada nessa área, que está pouco pesquisada.

Todos os dados têm vieses, maiores ou menores. Unz insiste que os dados sobre presos apresentam menores vieses, e também lembra que as diferenças entre hispânicos e brancos são muito reduzidas depois que os crimes relacionados com a imigração são retirados da contagem.

Um dos aspectos mais interessantes do debate tem a ver com os dados apresentados por Unz a respeito das variações espaciais-estaduais da criminalidade do mesmo grupo. Brancos, no Texas, têm taxas de criminalidade que excedem em 300% as dos brancos em Illinois! O espaço conta! Unz também argumenta que há um efeito midiático que sublinha o espetacular. Nessa mídia, Los Angeles é uma grande perdedora. É vista como tendo uma criminalidade altíssima, dominada pelas gangues étnicas, maras inclusive. Hoje, metade da população de Los Angeles é hispânica; não obstante, a taxa de criminalidade da cidade, hoje, é menor do que em 1950, quando era, em grande parte, uma cidade branca. Mais: Portland é a cidade grande com maior percentagem de brancos e sua taxa de crimes violentos é semelhante à de Los Angeles.

Jason Richwine atribui as conclusões de Unz às bases de dados que ele usa, que seriam eivadas de erros. Prefere o menos conhecido American Community Survey, cujos dados contrariam várias conclusões de Unz. Outras bases que mostram diferenças importantes se referem à delinquência juvenil e à percentagem de alunos suspensos. Introduzindo o meu viés anti-viés, lembro que essas bases também são suscetíveis de vieses de seleção. Em minha opinião, Richwine, a despeito de sua excelente formação estatística e de cientista político, pesquisou bem menos a área do crime e da violência do que Unz.  

Há concordância em que os imigrantes apresentam taxas mais baixas do que os cidadãos da mesma origem que não migraram o que aponta para a seletividade da imigração (sabemos que os que migram são diferentes dos que ficam no país de origem em muitos aspectos), e para as diferenças entre os contextos policial, judicial e penal, particularmente as diferenças entre as taxas de impunidade entre os países: é mais arriscado cometer um crime nos Estados Unidos. Há concordância em que a aprendizagem do Inglês facilita a ascensão social dos hispânicos e contribui para que sua renda seja maior e esses fatores se correlacionam negativamente com a criminalidade, sobretudo a criminalidade violenta.

Há também, concordância, em que os negros são o grupo étnico/racial com a mais alta taxa de criminalidade, controlando as variáveis mencionadas. Os debatedores também concordaram – e os dados assim o mostram – que muitos homicídios são entre hispânicos e negros. 

Em ano eleitoral, esse debate é particularmente relevante porque opõe os que são contra o ensino bilíngue, contra a concessão da cidadania a imigrantes ilegais que estão no país há muitos anos, a favor de penas duríssimas contra os imigrantes ilegais, que também se aplicam aos que os empregam e ocultam, de um lado, e os hispânicos legais, de varias gerações, do outro. Os hispânicos “legais” representam 16% da população americana e contam nas eleições!

Se Unz enfatiza que os hispânicos não são todos iguais, o debate mostra que os conservadores e direitistas tampouco são iguais… 

 

GLÁUCIO SOARES            IESP/UERJ