Arquivo da categoria: brutalidade policial

A explosão de violência na Venezuela

A violência na Venezuela, particularmente na área metropolitana de Caracas, continua chocando leigos e especialistas. É tão grande que virou matéria central do New York Times.

O governo de Chávez tentou três tipos de justificativas:

1.    Os dados estavam inflacionados;

2.    A violência cresceu antes;

3.    É alta, mas estão conseguindo baixá-la.

Nenhuma é verdadeira. Briceño Leon, um criminólogo sério, nos informa que a taxa nacional de homicídios na Venezuela é de 75 por cem mil hbs. Há poucos anos era de 49. Embora muitas pessoas que se dizem de esquerda (mas será que são mesmo?) não gostam de Uribe e gostam de Chávez, quando Uribe comecou o seu mandato, a taxa colombiana era claramente superior à venezuelana; hoje é menos da metade. O crédito não deve ser dado exclusivamente a Uribe, a despeito das suas vitórias sobre o narcotráfico: o controle da polícia, na Colômbia é municipal e foram bons prefeitos que implementaram políticas inteligentes que reduziram as taxas de homicídio em seus municípios. Os melhores exemplos são as principais cidades, como Bogotá e Medellín. O problema, na Venezuela, é a incompetência generalizada, com administradores escolhidos em função da sua devoção a Chávez e não em função da competência exigida para o cargo. No que concerne a afirmação de que a violência é antiga, os níveis anteriores, comparativamente, eram muito mais baixos. Além disso, eles não cresceram nos três anos anteriores a Chávez, 1995 a 1998, como noticiei em http://conjunturacriminal.blogspot.com repetidas vezes (ver 191/10/06; 20/10/06; 23/10/06; 05/11/06; 1/1/07 e 12/04/08). Evidentemente, o crescimento da violência cidadã sob Chávez não é novidade.

E a confiabilidade dos dados? Talvez a única fonte confiável de informações sobre a violência na Venezuela provenha de uma ONG. A guerra dos dados já foi pior, com fortes discrepâncias entre muitos levantamentos e estimativas e os dados oficiais. Mesmo assim, a situação pintada pelos dados oficiais era tão negativa que, durante alguns anos, eles não foram divulgados.

Hoje o próprio Instituto Nacional de Estatísticas (INE) reconhece que houve mais de dezenove mil homicídios em 2009. A bem da verdade, diga-se que o relatório foi feito sob encomenda da Vice-Presidência e entregue a Chávez.

Como no Brasil, as vítimas são predominantemente:

·       Homens;

·       Pobres;

·       Solteiros;

·       Mortos com armas de fogo.

New York Times, num requinte de perversidade comparativa, mostra que é mais arriscado viver em Caracas do que em Bagdá, com bombas, Al Quaida e tudo.

O preço de ter um país dirigido de maneira personalizado por uma figura narcisista é alto. Morrem mais cidadãos. Os homicídios são, apenas, um entre vários exemplos que mostram o desastre no qual a Venezuela se transformou.

A militarização da polícia provocou um estacionamento na evolução técnica. Foi o que aconteceu em outras ditaduras militares. Majores, coronéis e generais assumiram postos importantes na segurança pública, com péssimos resultados.  Em outras áreas violentas a Venezuela também não se situa bem. Infelizmente, a OPAS não usa taxas por quilometro rodado, a que seria melhor, nem por dez mil veículos, mas por cem mil habitantes. Intuitivamente, quanto mais veículos, maior o risco de acidentes.

Neste quesito, com essa medida (inadequada) o Uruguai está bem situado, com 4,3 mortes por cem mil habitantes; do outro lado estão o México, o Peru e a Venezuela, com mais de vinte. Entre os homens, as mortes por acidentes de tráfico superam as mortes por câncer!

Chamar algo de bolivariano não obvia o resultado que os dados impõem: a Venezuela é um dos países da América Latina com níveis mais baixos de segurança cidadã.

Gláucio Ary Dillon Soares

IESP/UERJ

(publicado no Correio Braziliense)

Debate para governador em Pernambuco




Debate reafirma polarização, expõe disputa personalista entre Jarbas e Eduardo sem lançar luzes sobre o futuro

POSTADO ÀS 01:52 EM 13 DE Agosto DE 2010
Blog de Jamildo (JC Online)

O primeiro debate entre os candidatos ao governo do Estado na TV Clube, nesta noite de quinta-feira, decreta de fato o começo oficial da campanha de 2010. É verdade que, para quem acompanha o dia a dia dos candidatos por ofício, não houve maiores novidades. No entanto, o grande público deve ter ficado surpreso com o alto astral dos candidatos, o confronto de ideias e a demarcação de espaços políticos bastante claros. Em comparação ao primeiro embate nacional, o debate local foi mais quente.

A temperatura estava tão alta, aliás, que os dois principais contendores, Jarbas e Eduardo, reclamaram em alto e bom som no último intervalo. “Vamos desligar este ar-condicionado que ninguém está aguentando não!”, criticou Jarbas, com sua peculiar ironia. “Apoiado”, emendou Eduardo, abanando os dois lados do paletó.

A principal falha do debate – que não pode ser atribuída à produção – foi mesmo a falta de propostas. Os candidatos apenas jogaram luzes sobre o passado e pouco tratou-se do futuro dos pernambucanos.

Eduardo saiu-se muito bem, respondendo a todos os questionamentos sem hesitação. Ele chegou ao recinto do debate com uma expressão tensa, mas depois pareceu desanuviar.

Na minha opinião, a única pisada na bola foi o gracejo com a idade do senador do PMDB. Depois de ter sido questionado por Jarbas sobre a necessidade de importação de trabalhadores de outros estados, por problemas na educação ou falhas na capacitação técnica dos trabalhadores em Suape, Eduardo respondeu com uma ironia. “Não me interessa reviver essa briga que começou com o meu avô no século passado”.

Para mim, pareceu preconceito de idade. Quantos eleitores de mais idade podem ofender-se com a comparação? Jarbas reclamou no ar. “Tenho medo de expedientes deste na campanha, esse negócio de século passado, século presente. (Eduardo) Quando é apertado, fica acuado”, declarou. No mesmo bloco, Eduardo deu uma resposta mais adequada. “Quando o senhor era governador, FHC presidente e Maciel vice, não trouxeram nem a refinaria. Hoje, de cada dez empregos, nove são de pernambucanos. O que importa é ver a economia crescendo”, afirmou.

Um dos pontos fracos da argumentação de Eduardo pode ser a questão da interiorização. Tanto que, sem muita segurança, Eduardo prometeu usar Suape como alavanca para levar mais projetos para o interior do Estado. Numa farpa ao adversário, disse que elevou os investimentos do Estado. “Sem vender nada”, declarou, numa referência à privatização da Celpe.

Em desvantagem nas pesquisas, Jarbas fez o que se esperava dele e frustrou quem esperava tiros de bazuca. Preferiu as farpas, as insinuações, o apontamento de contradições entre o discurso e a prática do socialista.

No ataque, Jarbas arrematou uma série de críticas ao adversário, incluindo a denúncia de que o atual governador trocava obras por votos ao cooptar os adversários.

Na primeira delas, insinuou superfaturamento, ao informar que os hospitais iriam custar R$ 45 milhões e chegaram a R$ 90 milhões.

Fora do ar, Eduardo apressou-se em explicar que os hospitais são mais caros porque foram ampliados em seu projeto original, para comportar mais leitos e melhores equipamentos. Ao negar a suposta cooptação, disse que muita gente já havia votado com o avô Miguel Arraes. Ou seja, não fazia cooptação, mas apenas recebia adesões.

O debate também confirmou a estratégia situacionista de jogar Jarbas e Maciel contra a população usando a alta popularidade de Lula no Estado. Por mais de uma vez, Eduardo apresentou Jarbas como adversário de Lula no Senado e crítico do bolsa família. A manobra já havia sido explicitada na primeira visita de Lula com Dilma a Garanhuns. Um dia antes, o candidato a senador pelo PT Humberto Costa pregou o mesmo discurso, na inauguração do comitê do deputado federal Pedro Eugênio.

“Lula tem sido atacado no Senado de forma desproporcional ao que fez por Pernambuco. Ele (Jarbas) não bateu em FHC quando ele negou a refinaria para Pernambuco e obrigou a vender a Celpe para construir estradas”, atacou Eduardo.

A resposta, no entanto, foi objetiva e dada à altura, pelo menos para quem privilegia o aspecto ético dos governos. “Não vou deixar que a corrupção tome conta de tudo só porque o presidente Lula tem um elevado índice de aprovação nas pesquisas”, declarou. “Não fui para Brasília para ser um adesista. Fui para a oposição, de forma altiva”.

Na disputa entre os dois principais contendores, não faltaram momentos de descontração.

Ao falar de segurança, Jarbas sugeriu a Eduardo que perguntasse ao teleespectador se ele tinha coragem de sair de casa e dar uma volta no quarteirão de sua casa.

Noutro lance, chamou Eduardo de teatral – ‘Ele está dramatizando as coisas. Não chamei Lula de ignorante’, depois de o socialista ter perguntado se ele havia mudado de idéia sobre o bolsa família e Lula.

Pequenos partidos

Em função das regras estabelecidas pela produção, até os nanicos tiveram oportunidade de contribuir com o debate, ao permitir que outros temas vissem a tona. Os dois primeiros blocos, muito fracos em termos de questionamentos, acabaram servindo para que os contendores aliviassem o nervosismo inicial.

“Você acha que eu me senti acuado?”, ria o governador-candidato, no final do encontro.

Saudades de Kátia Telles

Quem fica abaixo da crítica é mesmo o candidato do PSTU, Jair Pedro. Brigado com a língua portuguesa, o rapaz esforça-se para ser um proto-Lula. Numa de suas piores sugestões, prometeu que iria devolver o dinheiro descontados dos servidores que fizeram greve! Só pode ser maluco. Se há uma medida acertada do governo Eduardo é esta responsabilização, no bolso, de movimentos grevistas irresponsáveis, que só prejudicam a população. Se não trabalhou, tem que receber porquê?

Jarbas chegou a ironizar o discurso de que ninguém presta de Jair Pedro – aquele do PT do tempo da defesa da ética – ao dizer que ele reclamou tanto de ex-governadores que esqueceu de apresentar a pergunta que lhe cabia.

Candidato Verde

O verde Sérgio Xavier, apesar de parecer moderno, embalado para presente, não chega a convencer quando promete criatividade nas ações do Executivo. Com a palavra em várias oportunidades, não disse como se materializaria essa diferença. “Quero a imaginação do poder”, afirmou. Noutra oportunidade, disse que gostaria de criar empresas dentro de comunidades mais pobres, supostamente para criar oportunidades de trabalho. Eu gostaria de achar petróleo, assim todos ficariam ricos sem nem trabalhar, numa redução de jornada que até Jair Pedro concordaria. No debate, Jarbas lembrou que essas pessoas estão passando fome e podem não estar capacitadas.

O momento mais lúcido ocorreu quando acusou o Estado de ter sido incompetente ao não evitar os problemas ambientais que acarretaram as enchentes na Mata Sul. “Se a prevenção e cuidados com os ribeirinhos tivessem sido tomado, a tragédia não teria ocorrido”. Vangloriou-se de ser o único partido a colocar o tema no programa de governo. Posso estar desinformado, mas não tomei conhecimento feito pelo PV sobre a situação, antes do fato consumado.

Fidel sem barba

Numeriano soa repetitivo ao sugerir agora quatro hospitais, como fez Eduardo para se eleger. No ar, criticou até o projeto de estádio da Copa do Mundo, afirmando, sem dispor de provar, que haverá desvios, com superfaturamento. O mesmo discurso adotado por Jair Pedro. Não dá para responder pelo eleitor nem pelo telesoectador, mas a mim me parece demagogia barata. No debate, chegou a sugerir a reestatização da Celpe? Na mesma semana, aqui na CBN, defendeu o socialismo de Cuba, não precisando dizer mais nada.

Nosso Plínio

Edilson Silva, do PSOL, não repetiu os melhores momentos de outras campanhas e ainda cometeu pelo menos um impropriedade. Ao tentar criticar o projeto de atração de uma usina nuclear para o Estado, disse que a constituição do Estado não permitia. Sugeriu um plebiscito para decidir a questão, porque o governador e os deputados que estão aí não poderiam resolver a questão isoladamente. As leis estaduais sobre o veto são todas inconstitucionais, pois cabe apenas à União legislar sobre o tema. Ponto. Assim, por vias tortas, acabo concordando com ele quando diz que tem muito discurso por aí precisando de sintonia com a realidade.

Numa comparação que eu julgo demagógica, Silva também disse que o estado vai gastar mais de R$ 500 milhões no estádio da Copa enquanto o combate ao crack não teve mais de que R$ 50 milhões. Seria a prova de um governo que não cuida do social, que cabe na proposta da Lei de Responsabilidade Social. Quem há de provar que gastando-se R$ 500 milhões o problema estaria resolvido?

O debate sobre a segurança, como não poderia deixar de ser, não ficou de fora do primeiro combate. Os marqueteiros de Eduardo aproveitaram uma acusação de Jair Pedro para encaixar o Pacto pela Vida, que não havia entrado no debate até então. Jair Pedro, com sua leitura peculiar dos fatos, reclamou de uma delegacia da SDS que, no governo Jarbas, recebia denúncias de crimes como roubo de energia. Eduardo apressou-se em explicar que não ocorreu no governo dele e emendou com a idéia de que a polícia era usada para buscar e prender bandidos.


Postado por José Maria Nóbrega em 8/13/2010 12:06:00 PM


 

A maneira violenta de reduzir a violência?

Publicado no Correio Braziliense, Brasília, quinta-feira, 18 de setembro  de 2008 •  27.

O Rio de Janeiro, às vésperas das eleições municipais, se agita com a campanha eleitoral. O Instituto de Segurança Pública (ISP) cumpre com a obrigação de divulgar as estatísticas criminais do primeiro semestre. A divulgação das estatísticas numa época de eleições é explosiva. Os dados são confiáveis? Desde a sua estruturação com Jaqueline Muniz, passando por Ana Paula Miranda, chegando
à atual administração, do tenente-coronel Mário Sérgio Brito Duarte, duas afirmações podem ser feitas: os dados ficam paulatinamente melhores e não há, no ISP, fraude nem adulteração dos dados.
É impossível afirmar categoricamente que nenhum delegado ou comandante adulterou dados, no Rio de Janeiro ou em qualquer lugar. O que, sim, há é um atraso na divulgação, conseqüência de que algumas delegacias ainda são tradicionais, não informatizadas (não são delegacias legais), o que retarda a apuração. Enquanto houver delegacias tradicionais, haverá atrasos.
O que dizem os dados? Para mim, eles indicam uma melhoria na segurança no Estado do Rio de Janeiro em comparação com período semelhante em 2007. Durante o primeiro semestre de 2008 houve 2.859 homicídios, 276 a menos do que os 3.135 ocorridos no mesmo período de 2007. Um descenso de 8,8% é considerável. Porém, o que mais assusta a população são os latrocínios, e os latrocínios aumentaram: de 89 para 107. O aumento de 18 latrocínios é pequeno em relação ao declínio de 276 homicídios dolosos. O risco de morrer em um
homicídio doloso comum é quase 27 vezes maior do que morrer num latrocínio.

Os analistas e os defensores dos direitos humanos (para todos) se preocupam, com razão, com o número elevado de mortos em “autos de resistência”; para uns, um indicador do grau do conflito entre a polícia e os criminosos; para outros, um indicador do grau de violência policial. Eles aumentaram de 694 para 757, 63 vidas a mais,
equivalentes a 9% sobre 2007.
No cômputo total das vidas, foram 276 ganhas com a redução dos homicídios, 18 perdidas com o aumento dos latrocínios (uma subcategoria dos homicídios) e mais 63 perdidas com o aumento dos autos de resistência. Friamente, um saldo de 195 vidas salvas no semestre.
A análise relacional entre a mudança nos homicídios e a mudança nos latrocínios não sugere uma relação muito significativa; porém, a mesma análise nos diz que as diferenças nos homicídios totais e nos autos de resistência não devem ser vistas como acidentais. Elas podem estar relacionadas.
A próxima etapa numa pesquisa poderá averiguar qual a distribuição espacial dessas mortes, se as AISPs com maior aumento nos autos de resistência também são as com maior redução nos homicídios. Se forem, a hipótese relacional ficará fortalecida, sugerindo que a política pública e as práticas policiais que matam mais pelas mãos da polícia são as mesmas que reduzem os homicídios.
Furtos e roubos de veículos estão entre os dados mais confiáveis devido ao seguro obrigatório. Os roubos caíram de 17 mil para 14 mil, um bom saldo de 3 mil veículos roubados a menos. Já os furtos baixaram de 11.052 para 10.748, 300 a menos.
Os demais resultados devem ser lidos com cuidado. Poucos são confiáveis, devido à altíssima subenumeração.Os assaltos a pedestres e transeuntes não estão entre os dados confiáveis, porque as pesquisas de vitimização indicam que a maioria dos assaltos não chega ao conhecimento da polícia. Não obstante, o crescimento foi grande, o que paradoxalmente nos sugere que aumentaram, mas não sabemos quanto. Formulo a hipótese de que parte desse aumento se deve à migração de parte do tráfico para outros crimes, inclusive os assaltos.
Fico preocupado com as reações que já apareceram a esses números. A linha dura está feliz, mostrando que a política de endurecimento dá certo. Morreriam mais bandidos para salvar um número muito maior de cidadãos. Infelizmente, não é bem assim. Nem todos os que morrem são bandidos e muitos dos que não morreram o são. Além disso, o direito à vida é de todos e não, apenas, dos cidadãos de bem. Precisamos buscar políticas e práticas que continuem reduzindo os homicídios, mas que reduzam também as mortes por autos de resistência. Do outro lado do espectro ideológico, o aumento nos autos de resistência fecha a questão. Já diz tudo. As práticas são erradas e truculentas. Desconsideram as 276 vidas humanas salvas no semestre com a redução dos homicídios dolosos comuns. E os significativos resultados na redução dos furtos e roubos de veículos também são ignorados.
No Brasil, a questão da segurança pública se politizou. Infelizmente, foi além da politização: ficou refém da ideologia do analista. Seus participantes sofreram um triste encolhimento cognitivo: são a favor, não importa o quê; são contra, não importa o quê. O dado é desprezado, e o conhecimento morre.

GLAUCIO ARY DILLON SOARES

Pesquisas e publicações do Home Office na Grã Bretanha

O Home Office, na Grã Bretanha, conduz muitas pesquisas sobre crime e sobre a atividade policial. Quase todos podem ser consultados (ou baixados) pela internet. Ver

http://www.homeoffice.gov.uk/rds/policerspubs1.html


É um bom exemplo. Nada impede que façamos igual ou melhor.

O potencial autoritário dos brasileiros

A relação entre o apoio a medidas violentas de repressão e a descrença nas instituições, particularmente nas instituições públicas vinculadas à segurança, foi proposta por muitos e demonstrado por ninguém. É algo intuitivo, mas precisamos de cuidado. Não são esses os únicos termos da equação.
A receptividade das soluções extra-legais não é uma constante: varia entre as pessoas, varia no tempo e no espaço.

Há lugares onde a população aguenta a incompetência governamental e policial antes de recorrer a soluções extra-legais e há lugares onde precisam de menos incentivo para seguir esse falso atalho.

No Brasil, há setores substanciais da população dispostos a aceitar a “justiça” individual, a vingança pura e simples. Não é um fenômento carioca, nem é de hoje.

No Distrito Federal, em fins de 1997 e início de 1998, há quase dez anos, 25% aprovariam se o pai matasse o estuprador da filha; outros 47% não aprovariam, mas entenderiam. Pior: 60% aprovariam ou entenderiam que pessoas/organizações privadas matassem quem amedronta ou gera tensão na comunidade. No Distrito Federal daquela época a taxa de homicídios era muito inferior à do Rio de Janeiro de hoje, a PM e a PC o governo respeitavam rigidamente os direitos da população civil; não obstante, havia um apoio substancial para o vigilantismo, para a vendetta privada.

As soluções de força parecem ter um apelo para algumas pessoas que é independente do seu mérito.

Solo fértil para soluções violentas e autoritárias

O potencial autoritário dos brasileiros

A relação entre o apoio a medidas violentas de repressão e a descrença nas instituições, particularmente nas instituições públicas vinculadas à segurança, foi proposta por muitos e demonstrado por ninguém. É algo intuitivo, mas precisamos de cuidado. Não são esses os únicos termos da equação.
A receptividade das soluções extra-legais não é uma constante: varia entre as pessoas, varia no tempo e no espaço.

Há lugares onde a população aguenta a incompetência governamental e policial antes de recorrer a soluções extra-legais e há lugares onde precisam de menos incentivo para seguir esse falso atalho.

No Brasil, há setores substanciais da população dispostos a aceitar a “justiça” individual, a vingança pura e simples. Não é um fenômento carioca, nem é de hoje.

No Distrito Federal, em fins de 1997 e início de 1998, há quase dez anos, 25% aprovariam se o pai matasse o estuprador da filha; outros 47% não aprovariam, mas entenderiam. Pior: 60% aprovariam ou entenderiam que pessoas/organizações privadas matassem quem amedronta ou gera tensão na comunidade. No Distrito Federal daquela época a taxa de homicídios era muito inferior à do Rio de Janeiro de hoje, a PM e a PC o governo respeitavam rigidamente os direitos da população civil; não obstante, havia um apoio substancial para o vigilantismo, para a vendetta privada.

As soluções de força parecem ter um apelo para algumas pessoas que é independente do seu mérito.

Solo fértil para soluções violentas e autoritárias

Homicídios de brancos e negros: causas iguais ou causas diferentes?


Sabemos que os brancos tem uma taxa de homicídios substancialmente inferior à dos negros. Mas, e os determinantes dessas taxas? São iguais ou específicos? Em parte, são semelhantes. Quando usamos os estados brasileiros como unidades de observação, vemos que as taxas dos brancos e as dos negros se correlacionam.

Onde uma é alta, a outra também tende a ser. Vale para regiões, estados, municípios, bairros e áreas das cidades.

O gráfico acima mostra isso. Aproximadamente dois terços da variância das taxas de brancos e das de negros é comum. Um terço é específico de cada “raça” (ou cor da pele)

Homicídios de brancos e negros: causas iguais ou causas diferentes?


Sabemos que os brancos tem uma taxa de homicídios substancialmente inferior à dos negros. Mas, e os determinantes dessas taxas? São iguais ou específicos? Em parte, são semelhantes. Quando usamos os estados brasileiros como unidades de observação, vemos que as taxas dos brancos e as dos negros se correlacionam.

Onde uma é alta, a outra também tende a ser. Vale para regiões, estados, municípios, bairros e áreas das cidades.

O gráfico acima mostra isso. Aproximadamente dois terços da variância das taxas de brancos e das de negros é comum. Um terço é específico de cada “raça” (ou cor da pele)

Para ver outras páginas com referência a drogas, clique nos títulos abaixo:
href=”http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/05/legalizao-das-drogas-e-o-aumento-dos.html”>A legalização das drogas e o aumento dos suicídios em Portugal
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/05/legalizao-das-drogas-e-o-aumento-dos.html
Efeitos das campanhas contra o tráfico
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/02/efeitos-das-campanhas-contra-o-trfico.html
Homicídios em Portugal (e no Brasil)
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/01/homicdios-em-portugal-e-no-brasil.html
Os bons resultados da terapia familiar intensiva – III
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/01/os-bons-resultados-da-terapia-familiar_5472.html
Os bons resultados da terapia familiar intensiva – I
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/01/os-bons-resultados-da-terapia-familiar.html
As taxas de suicídio em Portugal aumentaram muito. Por quê?
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/12/as-taxas-de-suicdio-em-portugal.html
Um substituto mais barato para a metadona
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/12/um-substituto-mais-barato-para-metadona.html
Maconha e perda de memória
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/10/maconha-e-perda-de-memria.html
O efeito benéfico da “Lei Seca”
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/08/o-efeito-benfico-da-lei-seca.html

Homicídios de brancos e negros: causas iguais ou causas diferentes?


Sabemos que os brancos tem uma taxa de homicídios substancialmente inferior à dos negros. Mas, e os determinantes dessas taxas? São iguais ou específicos? Em parte, são semelhantes. Quando usamos os estados brasileiros como unidades de observação, vemos que as taxas dos brancos e as dos negros se correlacionam.

Onde uma é alta, a outra também tende a ser. Vale para regiões, estados, municípios, bairros e áreas das cidades.

O gráfico acima mostra isso. Aproximadamente dois terços da variância das taxas de brancos e das de negros é comum. Um terço é específico de cada “raça” (ou cor da pele)

Para ver outras páginas com referência a drogas, clique nos títulos abaixo:
href=”http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/05/legalizao-das-drogas-e-o-aumento-dos.html”>A legalização das drogas e o aumento dos suicídios em Portugal
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/05/legalizao-das-drogas-e-o-aumento-dos.html
Efeitos das campanhas contra o tráfico
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/02/efeitos-das-campanhas-contra-o-trfico.html
Homicídios em Portugal (e no Brasil)
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/01/homicdios-em-portugal-e-no-brasil.html
Os bons resultados da terapia familiar intensiva – III
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/01/os-bons-resultados-da-terapia-familiar_5472.html
Os bons resultados da terapia familiar intensiva – I
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2007/01/os-bons-resultados-da-terapia-familiar.html
As taxas de suicídio em Portugal aumentaram muito. Por quê?
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/12/as-taxas-de-suicdio-em-portugal.html
Um substituto mais barato para a metadona
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/12/um-substituto-mais-barato-para-metadona.html
Maconha e perda de memória
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/10/maconha-e-perda-de-memria.html
O efeito benéfico da “Lei Seca”
http://conjunturacriminal.blogspot.com/2006/08/o-efeito-benfico-da-lei-seca.html

Armas não-letais

Essa é a íntegra do artigo que foi publicado no Jornal do Brasil de sexta, 4 de agosto de 2006. Os editores cortaram vários detalhes. Sumário: é preferível ter em casa armas não letais: em caso de erros, que são freqüentes, dá para corrigir.

ARMAS NÃO-LETAIS: O PERIGO DO ABUSO

As armas não-letais são muitas e variadas e a grande maioria foi desenvolvida com fins militares. Muitas foram desenvolvidas para controlar “massas violentas” e são eficientes. Poucas são conhecidas: há, por exemplo, uma variedade de armas acústicas. Há armas que combinam efeitos acústicos com visuais. Uma lista descritiva dessas armas se encontra no Institute for National Security Studies. É muito grande.

Os chamados pepper-sprays são baseados em substância encontrada nas pimentas, a capsaicina (Oleoresin Capsicum), acoplada a duas outras, CS e CN. Podem ser de jato ou de borrifo. As de jato produzem efeito maior, mas são mais arriscadas. A probabilidade de errar é maior. Juntamente com gás lacrimogêneo e balas de borracha são comumente usadas por polícias mundo afora. Nos Estados Unidos começaram a ser usadas na década de 80, pelos Correios, para proteger os carteiros contra os ataques de cães.

A concentração pode chegar a 300 vezes a encontrada em pimentas das mais ardidas. As usadas pela polícia nos Estados Unidos são cinco vezes mais concentradas do que as vendidas ao público. Não são cem por cento não letais. O Los Angeles Times em 10 de julho de 1995 já noticiava mortes devidas ao seu uso pela polícia, que é condenado por alguns em países em que a polícia é pouco violenta, como no Canadá (ver Coalition for a Federal Ban on Pepper Spray & the Use of Chemical Weapons on Canadian Citizens). Porém, quase ninguém duvida de que sua letalidade seja muito mais baixa do que armas de fogo. Sua função é manter a segurança, evitando mortes e ferimentos graves. Um relatório do U.S. Department of Justice, de abril de 2003, The Effectiveness and Safety of Pepper Spray, fornece dados sobre avaliações do tipo antes e depois da adoção dos pepper-sprays, que foram realizados em Winston-Salem e em Charlotte. Eles demonstram uma redução de ferimentos tanto entre policiais quanto entre suspeitos após a sua adoção. No caso da Polícia Rodoviária, as alegações de brutalidade foram drasticamente reduzidas. Essas armas são, apenas, menos letais do que as armas de fogo.

E como defesa privada? Eles param agressores – tanto o movimento quanto o pensamento. E, da mesma maneira, param qualquer um: não-agressores, amigos, parentes, crianças e vítimas. Seu uso prudente parece reduzir a mortalidade nos conflitos, desavenças e assaltos. Reduzem até a morte de ursos, segundo o Interagency Grizzly Bear Committee Report de fevereiro de 2000. Requerem treinamento sério e precauções para ter na casa, particularmente onde houver crianças. O perigo não é o seu uso, mas o seu abuso.

GLÁUCIO ARY DILLON SOARES